Artista de Catanduva faz releitura das Três Nanas
02.10.21
Artista de Catanduva faz releitura das Três Nanas

Rita Fernandes
Publicado em 29/09/2021 às 21:03

Obras de Gisele Faganello estão na exposição virtual ‘Figurações Poéticas’

A figura feminina autoconfiante que a artista francesa Niki de Saint Phalle (1930-2002) criou na década de 1960, intitulada Nana, inspirou a artista visual Gisele Faganello a fazer uma releitura em papel machê. O projeto da artista de Catanduva foi idealizado quando ela esteve na cidade de Hannover, na Alemanha, e se encantou com as obras da renomada francesa - considerada como a primeira grande artista feminina do século 20.

Foi na capital do Estado da Baixa Saxônia que Niki de Saint Phalle fez sua primeira grande exposição. E essa relação rendeu diversas obras que ajudam a embelezar Hannover, como esculturas em forma de mulheres coloridas e gordas, feitas em poliéster e batizadas de “Três Nanas.” As “Damas gorduchas” ficam às margens do rio Leine e são mundialmente reconhecidas como símbolo de Hannover.

Além disso, Niki de Saint Phalle deu à gruta nos Jardins de Herrenhäuser (construída em 1676 como refúgio para o calor) sua aparência atual e muitas de suas obras estão em exposição no Museu Sprengel - um dos mais importantes de arte dos séculos 20 e 21.

“Fiquei encantada com as Nanas pela linguagem tão pop art para retratar corpos femininos volumosos, coloridos e sensuais em grandes dimensões”, afirma Gisele. “Nana é um termo ambíguo do francês para a mulher moderna, autoconfiante, erótica e perversa”, explica.
“A primeira Nana foi feita em 1965 para o movimento feminista, com o slogan ‘Todo poder para a nana’, porque elas representam vitalidade, feminilidade, modelagem livre, sem inibições e convenções. Unem todas as mulheres em si mesmas”, explica.

As nanas feitas por Gisele em são uma releitura em pequena escala, mas que encantam em qualquer espaço. As obras estão na exposição virtual “Figurações Poéticas”, de curadoria e produção da Galeria Ligia Testa. Também pode ser conferida presencialmente na mesma galeria, em Campinas.

O trabalho em papel machê é uma das atividades desenvolvidas pela artista visual, assim como painéis, esculturas, telas em acrílico e cerâmica. “Eu faço trabalho com vários materiais, mas adoro o papel machê, até porque tem a pegada da sustentabilidade, com a reutilização do papel jornal”, afirma.

Para as nanas de Catanduva, Gisele escolheu o papel machê para dar forma e a pintura pop art para dar vida. “Gostei muito do resultado porque as nanas são obras essencialmente femininas, distorcidas da realidade e essa desconstrução da coisa certinha da mulher. Mas, acima de tudo, pela sustentabilidade. O jornal não vai para o lixo. Ele é reciclado, é molhado, é batido e ganha pigmentação natural para ser transformado em obra de arte”, diz.

SERVIÇO
A exposição virtual “Figurações Poéticas” pode ser conferida pelo link https://artspaces.kunstmatrix.com/en/exhibition/7704761/abstra%C3%A7%C3%B5es-ou-quase
A Galeria Ligia Testa fica na avenida Dr. Heitor Penteado, 1611 - Taquaral, Campinas